quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Ai que saudades da Amélia...


Durante uma palestra, em Toronto, no Canadá, um policial que falava sobre violência sexual, alertou: "Para não ser vitima desses crimes, a mulher deve evitar vestir-se como vadia"
Desde então, acontece no Canadá, no Brasil e pela Europa, a Marcha das Vadias, que protesta por uma politica especifica de proteção à mulher, além da descriminalização do aborto (mas esse assunto é para outra oportunidade).

O que quero dizer, Querido Diário, é que ainda hoje, existem movimentos feministas organizados, apesar da "Luta" ter perdido força no presente século.

O feminismo surgiu no século XIX , inicialmente, para garantir o direito de voto às mulheres. Somente mais tarde, no século seguinte, foram incorporadas ao movimento, ideias de IGUALDADE social e trabalhista entre homens e mulheres, mas esse também não é o meu assunto.

Em uma época que o machismo extremista era soberano, o feminismo surgiu como a luz da libertação feminista e era respeitado. Hoje, a palavra virou sinônimo de "anti- masculino". Tem-se, em nossa sociedade, um enorme repúdio ao termo.

Quando uma mulher se diz feminista, o pensamento geral é: Lésbica, extremista, mal amada. Muitas pessoas, ao defenderem uma ideia de SUPERIORIDADE feminina, acabaram enfatizado, ao máximo, questões antigas e criou-se uma visão generalizada sobre um arquétipo da feminista do século XIX que não corresponde mais ao que se vive hoje.


Sabe, Querido Diário, eu passo mal quando vejo uma mulher que não sabe quem é, permite que te digam a que lugar pertencem, ficam gratas quando um homem elogia seu intelecto, mas entram em êxtase quando elogia seus dotes de mulher prendada e fazem de tudo para satisfazer um padrão de beleza que não partiu delas.

Nunca fui de levantar " a bandeira do feminismo", unicamente pelo extremismo em que o movimento se afundou. Acredito que as mulheres e a sociedade, como um todo, abandonaram a luta muito cedo. Um dia, trocamos o espartilho pelo macacão, no outro,
a causa pelo salto.

Muita coisa ainda há de se conquistar, Diário. Ainda é mais vantajoso e honroso (veja bem) ser homem e branco , em nossa sociedade. Outro dia li que, em Hollywood
( a terra das pessoas esclarecidas) Um protagonista homem, chega a ganhar 10 vezes mais que uma protagonista mulher. Houve uma festa quando Sandra Bullock passou a ganhar IGUAL A UM HOMEM em seus filmes.

Nada contra as pessoas que se realizam no fogão, cuidando da casa, que fique claro. O que eu não entendo é uma mulher achar que precisa de outra pessoa para realizar-se e
aceitar uma opressão machista da sociedade, traduzida em padrões e exigências, por concordarem que o final feliz só acontece quando a princesa limpa o chão do príncipe.

É certo que a mulher conquistou um espaço social, mas ainda falta tanta coisa. Estamos longe de ser igualitários, e não falo somente da questão homem X mulher. Nós mulheres, principalmete, não podemos continuar desvirtuando a ideia de feminismo com vislumbres de uma sociedade que já acabou.






A quem interessar, recomendo : Sou Feminista


4 comentários:

Christine disse...

Curti 1000 vezes! LIKE, LIKE, LIKE! Ótimo texto pra inicio de um longo debate, e sabe de uma? Eu sou feminista!

Alexandre Kappaun disse...

Muito oportuna as suas reflexões. Só gostaria, no entanto, de ressaltar um ponto. Quando você se refere ao feminismo (e eu também me considero um feminista), creio ser importante ressaltar que o feminismo não é uma coisa unívoca. Prefiro dizer que há diversos feminismos, já que há o feminismo liberal, o feminismo socialista, o feminismo radical, o feminismo lésbico e por aí vai. Você não concorda?

Tamires Santana disse...

Feminismo lésbico foi otimo! XD
E sim, concordo. O que quis ressaltar é que a ideia do feminismo ( independente de suas vertentes) é igualdade dos sexos. Não, superioridade. Esse tipo de sexismo é o que deve ser debatido e o feminismo, hoje, tomou essa conotação. "Minha vagina é meu poder".

Alexandre Kappaun disse...

Obrigado pelo seu comentário, minha cara Tamires! Na verdade, o feminismo lésbico [lesbian feminism] foi um movimento muito forte durante a década de 1970 e o início da seguinte. Importantes teóricas como Adrienne Rich, Audre Lorde, Sheila Jeffreys, entre outras, participaram do movimento. O movimento teve muita força na América do Norte e na Europa Ocidental, na ocasião, mas não tanto por aqui. Quanto à questão da igualdade entre os sexos (ou entre os gêneros, eu preferiria dizer), eu concordo totalmente com o seu ponto de vista.

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